mercredi 17 février 2016

Activista angolano M´banza Hamza denuncia penúria em casa por não poder ir ao banco


Em risco de ser julgado sumariamente por faltar ao julgamento, pergunta por que os filhos têm de sofrer.

Redacção VOA

O activista M´banza Hamza pode vir a ser julgado sumariamente por não ter comparecido ao tribunal na passada segunda-feira, como admite o próprio réu no processo dos 17.

Ele justifica a ausência com a necessidade de ir ao banco de modo a contornar a penúria que a família enfrenta.

Numa carta com data de hoje, 10 de Fevereiro, a que a VOA teve acesso, Hamza escreve ter informado aos advogados as razões que o levaram a não comparecer em tribunal e que são “igualmente de conhecimento do Ministério Público (MP) e do Tribunal de Luanda”.

“Assoberba-me entretanto, o facto de o MP as considerar como desrespeito ao tribunal, a menos que se ache que no nosso país alguns são seres humanos e outros mero gado, ou que até crianças não sejam motivo de preocupação de um Estado”, explica o activista que justifica a sua ausência com a necessidade de ir ao banco.

“Até ao momento da escritura desta nota (11h00 de ontem, 9 de Fevereiro), o meu reeducador ainda não chegou, para contar a epopeia que tenho passado, eu e a minha família, desde a minha detenção a 20 de junho de 2015”, continua M´banza Hamza.

Na longa carta, o activista  narra as dificuldades para ter acesso ao seu Bilhete de Identidade e ao multi-caixa, facto que tem aumentado as dificuldades financeiras da sua família.

“Estamos em situação de penúria extrema com a família (esposa, dois filhos menores de cino anos, além de dois irmãos). Nos últimos dias temos vivido de praticamente uma refeição por dia e recorrentemente arroz branco… Mas branco no verdadeiro sentido e oferecido (dão-nos meio quilo por dia). Não me dão os multi-caixas”, denuncia Hamza que também não tem podido ir ao banco.

“Por que acham que os menores devem pagar pelo meu suposto crime que até agora não foi provado? Que justiça deve ser essa? A minha atitude de me negar a comparecer perante o tribunal até que me permitam ir ao banco é tida como desrespeito ao tribunal; que direi desta atitude maquiavélica de me ver, eu e os meus a penar sem necessidade, uma vez que tenho dinheiro no banco? Estaremos com isso a proteger e defender os direitos da criança?”, questiona Hamza para concluir: “A única coisa que sei, é que agora que sabem que não têm saída com o processo querem inventar desculpas”.

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