jeudi 2 juillet 2015

Angola: Relações entre Angola e França em franco crescimento

Luanda - O Presidente francês, François Hollande, realiza uma visita de Estado à Angola nos dias 02 e 03 de Julho. As duas capitais, Luanda e Paris, pretendem dar a esta visita oficial toda a carga simbólica necessária em termos de peso político e diplomático.

Miguel Costa - Embaixador de Angola em França

Nesta viagem oficial há uma componente historicamente subjacente: Por um lado, esta é a primeira vez que um Presidente socialista faz uma visita oficial a Angola. Por outro, Paris quis dar um sinal de uma reciprocidade diplomática rápida e adequada em resposta à viagem que o Presidente angolano fez a França, em Abril de 2014.

A viagem do Presidente da República de Angola a França “foi cuidadosamente preparada, conferindo-lhe um carácter de Estado suficientemente consistente quer do ponto de vista político quer diplomático sem ser demasiado pesada nem com formalismos paralisantes”, lembrou o embaixador de Angola em França, Miguel da Costa, citado pelo Jornal de Angola.

Para si, Angola vai certamente querer reproduzir o mesmo simbolismo de cortesia diplomática sem pôr de lado a vontade de fazer avançar o diálogo político de alto nível, sobre a agenda política e diplomática quer multilateral quer regional sem esquecer a componente bilateral.

Mas adiante, nota que o carácter histórico da viagem é reforçado pelo peso e prestígio internacional da França.

“De facto, a França é membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, a primeira potência política e militar da Europa e a segunda potência económica depois da Alemanha. Em África é a potência ocidental mais influente nos domínios político e diplomático, económico e comercial, assim como cultural e linguístico”, expressou o diplomata.

Adiantou que a França, tal como a maior parte dos países ocidentais, acredita que Angola é incontornável na geopolítica regional e continental. Por força dos equilíbrios da Guerra Fria, Angola foi colocada num xadrez político complexo que lhe autoriza hoje jogar um papel fundamental quer na África Austral e Central quer na Região dos Grandes Lagos, sem esquecer os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Nesta conformidade, segundo o diplomata, Angola e França mantêm um diálogo permanente, nomeadamente em questões de segurança regional, especialmente em relação aos seguintes países e regiões: República Centro Africana, Grandes Lagos, Golfo da Guiné, Guiné-Bissau, Sudão e Sahel.
Angola e França partilham diversos interesses económicos. O comércio bilateral entre os dois países atingiu o montante de 1,4 mil milhões de euros em 2013, notou-se um abrandamento acentuado a partir de 2008, quando atingiu um nível recorde de 3,2 mil milhões de euros.

Em 2014, o comércio bilateral aumentou 67 por cento. Após um declínio de 21 por cento em 2012 e 2013, as exportações francesas para Angola subiram novamente em 2014, com um valor estimado a 770 milhões de euros, representando mais 67 por cento em relação ao ano anterior.

As exportações são constituídas basicamente por equipamentos para a utilização na indústria petrolífera, mas vão-se diversificando, entre outros, nos domínios da alimentação, saúde, automóveis, bens de consumo, mecânica, electricidade, electrónica e computadores, produtos químicos, perfumes e cosméticos.

As exportações são constituídas essencialmente de petróleo bruto. A empresa francesa Total tornou-se na primeira operadora do país, com uma produção de 700 mil barris por dia em 2014, o que representa cerca de um terço da produção nacional angolana.

Os dois países têm uma cooperação cultural e científica densa, especialmente no domínio do ensino superior. Esta cooperação foi reforçada pela assinatura do acordo entre o Governo de Angola e o Governo de França no domínio do ensino superior e da formação de quadros, válido por cinco anos, assinado a 29 de Abril de 2014, no decurso da visita oficial a França do Presidente da República de Angola.

De acordo com as estatísticas oficiais, a comunidade francesa em Angola é estimada em três mil residentes, enquanto a comunidade angolana em França é de cerca de 15 mil. A língua francesa é falada por milhões de africanos e a comunidade francófona angolana faz parte das 265 milhões de pessoas no mundo que têm o francês em partilha.


A França, primeira potência agrícola da Europa e a segunda do Ocidente, depois dos Estados Unidos, pela experiência africana e pelo avanço no domínio dos serviços, tem trunfos para acompanhar a diversificação da economia que constitui a prioridade de Angola.

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