mercredi 6 mai 2015

Suspeitas de massacre em grande escala no Huambo

Fonte: Esquerda.Net
05/05/2015

Culto da seita "A Luz do Mundo", alvo da repressão policial em abril, com um número de vítimas ainda por apurar.

A seita religiosa é considerada ilegal à luz da lei angolana e reúne milhares de fiéis que acreditam que o mundo irá acabar ainda em 2015. José Kalupeteka tornou-se líder da seita "A Luz do Mundo" após ser expulso da Igreja Adventista do Sétimo Dia e os seus sermões atraíram três mil seguidores ao encontro da seita no monte Sumi, a 40 quilómetros do Huambo em meados de abril.

As autoridades angolanas acusam Kalupeteka de estar por detrás do assassinato de nove polícias e membros dos serviços secretos às mãos de membros da seita. A resposta policial para deter o líder religioso no local de culto terá resultado num massacre com mais de mil mortos entre os fiéis, acusam por seu lado os deputados da Unita citados pela Deutsche Welle. Uma delegação de deputados do partido tentou deslocar-se ao local, mas foi impedida de lá chegar pelo cordão policial.

Os relatos recolhidos pela Unita falam de perseguição e disparos indiscriminados no local e noutras aldeias. "A própria polícia, na voz do segundo Comandante Geral, diz que houve três horas de fogo intenso, e sabemos que os homens de Kalupeteka não tinham armas... Então quem ficou a disparar durante três horas só podem ter sido aqueles que estavam armados, ou seja, a Polícia de Intervenção Rápida", diz o líder parlamentar da Unita, Raul Danda.

Também a CASA-CE e o Bloco Democrático reagiram às notícias sobre o evental massacre da seita. O líder da Casa-CE, Abel Chivukuvuku, deslocou-se ao local e o deputado Leonel Gomes denuncia que duas semanas após a repressão ainda "há muita gente que vive das lavras do monte Sumi e não consegue ter acesso ao seu espaço de cultivo porque qualquer movimento na área é recebido a tiro". Em declarações publicadas esta terça-feira pelo portal Angonotícias, Leonel Gomes acrescenta que "o mais grave é que a caça às bruxas continua, porque ainda ontem houve matanças no Balombo, na comuna da Catata, região do Ngove, e no Longonjo (Huambo)". O Secretariado Nacional do Bloco Democrático emitiu um comunicado a 23 de abril, exigindo uma comissão parlamentar de inquérito ao sucedido e condenando o "aproveitamento político" por parte do governo angolano, que acusou “outras forças” de estarem por detrás da seita de Kalupeteca.

O jornalista Rafael Marques também recolheu relatos de várias fontes, incluindo das forças policiais, que indicam que as perseguições e mortes se arrastaram por vários dias após o assalto ao local de culto e que terão provocado desconforto em muitos agentes. Segundo o jornalista angolano, agentes dos serviços de segurança terão feito vistorias aos telemóveis dos polícias para apagar eventuais gravações em vídeo do que se passou.

O jornalista Rafael Marques também recolheu relatos de várias fontes, incluindo das forças policiais, que indicam que as perseguições e mortes se arrastaram por vários dias após o assalto ao local de culto e que terão provocado desconforto em muitos agentes. Segundo o jornalista angolano, agentes dos serviços de segurança terão feito vistorias aos telemóveis dos polícias para apagar eventuais gravações em vídeo do que se passou.

Num discurso proferido após a repressão policial, o presidente José Eduardo dos Santos afirmou que a seita é uma ameaça à paz nacional e o paradeiro do seu líder, detido pela polícia, continua desconhecido. A especulação sobre o número real de vítimas desta ação policial continua bem viva, devendo-se também à impossibilidade dos jornalistas angolanos terem acesso à região. "O silêncio e a cortina de penumbra em torno do caso contribuem para a especulação", disse a líder do Sindicato dos Jornalistas à Deutsche Welle.

"Houve muitos jornalistas que vieram ao Huambo. Mas, pelo que sei, nenhum deles conseguiu obter qualquer informação de uma fonte oficial que permitisse destapar este véu que cobre o caso Kalupeteka. É um caso que, por si só, é sinónimo de toda a cobertura mediática e de como andamos", lamentou Luísa Rogério.

O advogado David Mendes, que representa Rafael Marques e já representou os ativistas Nito Alves, Alves Kamulingue e Isaías Cassule (os dois últimos assassinados por agentes da segurança angolana em 2012), tentou contactar Kalupeteka para lhe garantir a defesa dos crimes de que pode vir a ser acusado. Mas este advogado, que também representa a ONG Mãos Livres, foi impedido de contactar com o líder da seitae os restantes fiéis detidos e de ter acesso ao local onde o massacre terá ocorrido a 16 de abril.

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